"Mas esta questão do ensino das Artes bate certo com a aragem do tempo. Não está em causa que Portugal não deva ter mais engenheiros, cientistas ou informáticos. Só que as Artes não podem ser abandonadas, sobretudo num contexto de uma esmagadora normalização de comportamentos e vocações economicistas/utilitárias.
O sinal de Crato vai neste sentido mas escolhamos um exemplo que diz mais ao ministro: os cientistas são eles próprios artistas da inovação. Quando desenvolvem o seu trabalho numa universidade, laboratório ou grande empresa, são essenciais ao país. Há programas como "Ciência Viva" e muitos outros apoios comunitários a garantir a manutenção deste sistema. Os cientistas são inquestionáveis, não são parasitas. No entanto, quando se trata de uns fulanos que desenham, fazem filmes, vivem da música ou do teatro, tudo muda. Fica a pergunta: Nuno Crato quando sai do Ministério, à noite, faz o quê? Vai para um laboratório ver moléculas? Resolver mais uns exercícios de matemática pura? Ou lê, vai ao cinema, ao teatro ou a um concerto, para que a vida não seja apenas ciência e tecnologia? Por outras palavras: a Arte não é inovação? A Beleza, o novo, o contagio de criatividade, não são essenciais para todas as atividades em redor?"
Bibliografia: